sábado, 13 de dezembro de 2008

Por que ainda ser cristão?

Cristianismo, uma mensagem de convívio fraternal
ENTREVISTA COM ALVARO VALLS

Para o filósofo Álvaro Valls, docente nos cursos de graduação e pós-graduação em Filosofia da Unisinos, um dos motivos para ser cristão no século XXI é que “cada um de nós deve fazer a sua opção, se prefere tentar viver uma vida para o amor e o perdão, ou para curtir a raiva, o ressentimento e o ódio, a ganância, a ambição desenfreada e a busca incessante do prazer. Amor não é só um sentimento, mas é também um mandamento, um dever sagrado”. E continua: “O cristianismo, descontados os desvios que sempre ocorrem na história dos homens, é uma mensagem do convívio fraternal, antes de se constituir numa instituição de poder universal”. Em sua opinião, mais do que uma doutrina, no sentido teórico, a mensagem de Jesus é uma “mensagem de vida, deixando-nos uma mensagem existencial”. As afirmações podem ser conferidas, na íntegra, no depoimento que segue, enviado por e-mail à IHU On-Line.
Doutor e mestre em Filosofia pela Universidade de Heidelberg, da Alemanha, com a tese O conceito de história nos escritos de Soeren Kierkegaard, Valls é autor dos livros O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1986; Da ética à bioética. Petrópolis: Vozes, 2004. É o tradutor e organizador da obra Do Desespero Silencioso ao Elogio do Amor Desinteressado - Aforismos, novelas e discursos, de Sören Kierkegaard. Porto Alegre: Escritos, 2004, da qual a edição 123 da IHU On-Line, de 16-11-2004, publicou a orelha do livro. A obra foi apresentada no Sala de Leitura nessa mesma data. Sua contribuição mais recente à IHU On-Line aconteceu na edição 175, de 10-04-2006, quando concedeu a entrevista Paulo e Kierkegaard. Nas Notícias Diárias do site do IHU, www.unisinos.br/ihu, em 16-11-2006, concedeu a entrevista Uma Filosofia brasileira surgirá com tempo e muito trabalho, na qual comenta sobre sua recente indicação à presidência da Anpof na gestão 2007-2008.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A Christmas Carol - 1988 - Bill Murray Scrooged



LOS FANTASMAS ATACAN AL JEFE (SCROOGED)

Formato: Ambos

Un alto ejecutivo de una cadena de televisión es un déspota sin sentimientos. Cuando está a punto de llegar la Navidad, los Fantasmas de las Navidades Pasadas, Presentes y Futuras se le aparecerán para exponerle ante sí mismo y sus carencias afectivas...

Ficha Técnica

Director: Richard Donner / Productores: Richard Donner, Art Linson para Mirage/Paramount / Guión: Mitch Glazez y Michael O'Donoche, según la novela de Charles Dickens / Fotografía: Michael Chapman / Música: Danny Elfman / Efectos especiales: Thomas R. Burman (maquillajes / Intérpretes: Bill Murray (Francis Xavier Cross), Karen Allen (Claire Phillips), John Glover (Bryce Cummings), John Forsythe (Lew Hayward), Robert Mitchum (Preston Rhinelander), Bobcat Goldthwaite (Eliot Loudermilk), Carol Kane (Fantasma de las Navidades Presentes), David Johansen, Michael J. Pollard, Alfre Woodard, Buddy Hackett, John Houseman, Lee Majors... / Nacionalidad y año: USA 1988 / Duración y datos técnicos: 101 min. Color Scope.

Comentario

Esta película, dirigida por Donner entre las entregas primera (1987) y segunda (1989) del nefasto tríptico Arma letal (Lethal Weapon) puede suponer un auténtico despiste para el aficionado, aún con el talante fantástico de gran parte de su cine, donde cabe hallar X 15 (1961), La profecía (The Omen, 1976), Supermán (Superman, 1978), Lady Halcón (Ladyhawke, 1984), Los Goonies (Goonies, 1985) -si se considera fantástica por el elemento de tal índole eliminado del montaje definitivo, un pulpo gigante- y La fuerza de la ilusión (Radio Flyer, 1992), amén de la presente, desde luego. A mediados de 1989 nuestro realizador iniciaba la andadura de la magnífica serie Historias de la cripta (Tales from the Crypt) -en televisión, a inicios de su carrera profesional, ya había hecho ostentación de su interés por el género, como en la mítica serie Dimensión desconocida (Twilight Zone)-, y puede que por ahí haya de buscarse su propensión a efectuar una película fantástica de humor, si bien a lo largo de su carrera lo que ha quedado patente por encima de todo es su absoluta inadecuación para el género de la comedia.

Puesta al día del mítico clásico de Dickens, lo más llamativo de la película es la curiosa relación que aquí se establece entre el fondo y la forma. Dejando a un lado lo que supone de adaptación del referido libro, cuya magnificencia nunca puede ser eliminada del todo, Los fantasmas atacan al jefe -¿quién sería el genio que la bautizó así en España?- pretende ser una crítica a la televisión y su burda comercialización. Como tal, la película funciona bastante bien, y ofrece un guión inteligente y bien puntuado por diversos elementos que van confluyendo de manera diríase casual, pero que están desarrollados para derivar a un objetivo concreto. Lo curioso del caso es que, para efectuar esa crítica, Donner y sus guionistas se sirven de una burda comercialización del elemento que nos ofrecen; es decir, aquello que están criticando es el modo con el cual se nos presenta el producto, humor burdo, efectos especiales mastodónticos, sobresaturación en suma. Cabe también apuntar lo bien que está desarrollada la otra trama hacia la cual apunta el film, esto es, la relación entre Murray -más histriónico aún que en Los cazafantasmas- y Karen Allen -la chica de En busca del Arca perdida (Raiders of the Lost Ark, 1981), que aquí está absolutamente maravillosa-, que va intercalándose de forma ocasional en las otras tramas, desgranando una hermosa historia de amor con un poso amargo pero un deje de esperanza.

En definitiva, una película que podría haber resultado realmente buena destrozada por sus concesiones a la fácil comercialidad.

Anécdotas

* Otras adaptaciones del clásico de Dickens: Scrooge (1935), de Henry Edwards, con Seymour Hicks; A Christmas Carol (1938), de Edwin L. Marin, con Reginald Owen; Leyenda de Navidad (1947), de Manuel Tamayo, con Jesús Tordesillas; Scrooge [tv: Cuento de Navidad, 1951], de Brian Desmond Hurst, con Alastair Sim; Muchas gracias, Mr. Scrooge (Scrooge, 1970), de Ronald Neame, con Albert Finney; Cuentos de Navidad (A Christmas Carol, 1984), de Clive Donner, con George C. Scott; Los Teleñecos en Cuentos de Navidad (The Muppet in Christmas Carol, 1992), de Brian Henson, con Michael Caine... * En los Oscar de 1989 fue nominada por los maquillajes.

Bibliografía

Canción de Navidad, por Charles Dickens; traducción de Jesús Pardo. Barcelona: Destino, 1998. Grandes obras clásicas. Booket; 353. Traducción de: A Christmas Carol.

Carlos Díaz Maroto (Madrid. España)

Nome do arquivo: A Christmas Carol 1988 Bill Murray Scrooged.avi
Legenda: Scrooged_PT_25_FPS.srt

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Carta para Irmã Lúcia:



Querida Irmã Lúcia,

“Mudar, em Educação, não depende apenas de teorias revolucionárias ou da eficácia de novos métodos. Diferente de outros campos de atuação profissional, nenhuma transformação substantiva, nessa área, prescinde do envolvimento dos educadores. Por isso mesmo, toda mudança em Educação significa, antes de tudo, mudança de atitude.”
Sanny S. da Rosa

Mais uma vez vamos a nossa estante escolher um livro para você. Na verdade, é só uma desculpa para lembrarmos de uma pessoa que amamos e para quem olhamos tentando aprender acerca da coragem e da garra. É bom sabermos que você ainda faz perguntas sobre si mesma e sobre todas as outras coisas. É claro que sabemos que as perguntas acabam por tornar-nos ainda mais ininteligíveis como seres, porém como não faze-las sem correr os riscos da ignorância e do congelamento dos nossos corações, corpos e mentes?
Escolhemos esse pequeno livro que, pelo que vimos, animará você e continuará mostrando que no fundo não há a estória do saber mais ou menos. O que na verdade existe são “saberes diferentes” como diz o mestre Paulo Freire.
Vemos na nossa própria trajetória que a educação melhorou nossa natureza humana. Mesmo que isso não seja muito aceito por nós todo o tempo. Aqui incluímos todo tipo de educação, inclusive a que recebemos em escolas e universidades: locais que serviram de meios para obter educação.
Gostamos da frase de Ernest Renan:

“O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar”

Quando aproximamos dos nossos 50 anos – eu no próximo e Heloisa um ano depois -, estamos, cada vez mais, acreditando nessa coisa do “despertar”. É que somos socratianos a ponto de acharmos que todos os humanos devem querer um pouco mais de modéstia, de pudor, de amor, de moderação, de dedicação, de diligência, de justiça e de educação – aqui entendida em sua forma mais ampla e irrestrita. Lendo com Reich, acreditamos em alguma coisa que ainda chamamos de “caráter” – conceito “perigoso” quando utilizado de sua forma mais conservadora e mosaica.
Enquanto trabalhei em APAEs, em Escolas e Faculdades e mesmo o que ainda faço no consultório, sempre vi a educação como um processo social, como desenvolvimento. Gosto do quando leio o John Dewey falando que a educação não é preparação para vida, “é a própria vida”.
Logo, no seu caso, tudo será só re-descobrimento. É só você tirar de sua alma o que os escultores tiram das peças de mármore. Sei que faria uma pergunta para mim neste momento: e nossas raízes amargas? Eu diria para que você olhasse em sua volta e visse quantos frutos doces saíram de lá.
É claro que nos últimos dias nós fazemos uma educação mais consciente de nós próprios e daqueles que estão sobre o nosso cuidado. Assim deve ser, pois o cuidado que temos sobre qualquer “coisa” acaba por influir sobre a totalidade dessa “coisa”.
No seu caso, chegou a hora de você colocar a educação pública na berlinda. Essa sim não resolveu seu problema básico: o de não levar em conta o desenvolvimento do corpo e da inteligência ao apresentar seu leque de opções para os educandos.
Nas escolas mina irmã o que vimos confere a máxima de Voltaire:

“A educação desenvolve as faculdades, mas não as cria”

A educação de fato, é só olharmos para as nossas vidas, começa mesmo antes mesmo do nosso nascimento, antes de falarmos, antes de entendermos – ali já estávamos sendo instruídos, você não acha? Sou, sou de verdade um Rousseauniano!
Por isso não ganho tempo em minha vida, prefiro perde-lo falando todas essas “filosofias” para alguém que admiro e para quem “oro”, “medito” e “invoco as belezas da vida”, desde de Juiz de Fora ou do trailer, nosso local de Retiro em Ibitipoca.
É lá na serra que continuo meu processo de identificação da educação que veio de fora e é lá que continua a presentear a mim mesmo uma “outra” educação possível, essa sim, mais importante – uma educação com a meditação, uma educação que é oferecida a mim mesmo.
No fundo, o oceano que você agora está mergulhada com os seus cursos é profundo e imensurável. Aqui fico com a linda frase de Kantiana:

“É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”.
Um beijo no seu coração!

Jak e Heloisa

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Antes idiota que infeliz!



by Arnaldo Jabor

' O Céu é para quem sonha grande, pensa grande, ama grande e tem a coragem
de viver pequeno... Isso é o Céu. '

Uma vez Renato Russo disse com uma
sabedoria ímpar:'Digam o que disserem, o mal do século é a solidão'.
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra
notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.Baladas
recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e
saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram,
trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher
contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos 'personal
dance', incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil,
alguém dúvida?Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e
receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances
dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois
saber que vão 'apenas' dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que
perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não
interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos
desesperados por não saber como voltar a 'sentir', só isso, algo tão
simples que a cada dia fica tão distante de nós.Quem duvida do que estou
dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que
comunidades como: 'Quero um amor pra vida toda!', 'Eu sou pra casar!' até a
desesperançada 'Nasci pra ser sozinho!' Unindo milhares ou melhor milhões
de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos,
plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Vivemos cada vez mais tempo,
retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais
sozinhos.Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário,
pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso
encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo
mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé,
brega.Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí?Seja ridículo, não seja frustrado, 'pague
mico', saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou
mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai
embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje
por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a
oportunidade de um sorriso à dois. Quem disse que ser adulto é ser
ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não
pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um
homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma executiva de sucesso
que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é
continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o
nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: 'vamos
ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os
dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho
certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida'. Antes idiota que
infeliz!

E-mail para o amigo Josué:




Amigo Josué,



"A pior decisão é a indecisão." (Benjamin Franklin)



Ficamos muito felizes com a sua decisão .Como dizia o Henry Becque,

"A decisão é, freqüentemente, a arte de ser cruel a tempo."

Sabemos que uma hora ou outra você acabaria por ter um desses seus insight e com uma só decisão o seu destino estaria decidido. Uma decisão dessas suas, Heloisa tomará em novembro saindo de licença sem vencimento e esperando do lado de fora um Plano de Aposentadoria Incentivada ou simplesmente pagando o INSS até os seus 53 anos.

O que vocês estão fazendo e o que eu já fiz a muitos anos, parece revelar em nós um certo “espírito de maestria”. Isso é atuarmos como verdadeiramente somos. Isso é não querermos imitar ninguém.

"Onde há uma empresa de sucesso, alguém tomou alguma vez uma decisão valente." (Peter Drucker)

É isso aí, esse cara estava certo. Eu vejo grandeza nesta sua decisão. Grandezas dos homens em que suas decisões acabam sendo mais fortes que suas próprias condições humanas, como disse Camus.

Estamos acompanhando você já faz muito tempo. Você parece ser um seguidor de Harry Truman que disse:

"De cada vez que eu tomo uma decisão errada, tomo logo uma decisão nova."

Quando você embarca para Londres, eu decido morar em um trailer em Ibitipocae a Heloisa decide sair do Banco do Brasil – decisões tomadas e implementadas -, acaba por fornecer-nos uma sensação de que passamos a sentir que todas as coisas que até então estiveram em nossas mentes, já não são mais verdadeiras do que as ilusões dos nossos sonhos agora realizados.

"Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir." (Napoleão Bonaparte)

Alegra-nos abrir esse seu e-mail. Medimos essa sua decisão pelo simples fato de vê-lo tomar essa tão necessária atitude. Com a atitude, sabemos que você realmente decidiu pela vida.

Enquanto estivermos sem escolher por um caminho, isso indica que ainda não tínhamos tomado nenhuma decisão. Diríamos que você já tinha selecionado e formulado alternativas. Já tinha decidido o que fazer. Porém como disse Michael Dell

“O difícil é decidirmos o que não fazer”.

O seu e-mail, você deixa claro o que você não que mais fazer: isso é uma decisão.

Porém mano, não esqueça de cumprir em Londres as ordens de Plutarco:

"A decisão será melhor quando tiveres enchido a barriga."

Faça muita coisa por lá, encha a suas barrigas espiritual e intelectual! É claro que a sua decisão poderá causar desespero em muitos que aprenderam não esperar o bem. Porém não temas o mal, pois você acaba de decidir sobre quem você é e não só sobre o que deveria ser feito. Você verá a vida de modo novo.

Oramos daqui para que você saiba os eventos, as situações, as ocorrências e as oportunidades que acrescentarão mais vida dentro de sua v ida.

Os resultados serão de longo prazo, porém nunca você poderá colocar em dúvida o fato de ter usado do seu direito de decidir seu próprio destino.

"Geralmente erra mais quem decide cedo do que quem decide tarde; mas, depois de tomada a decisão, é necessário recuperar o atraso da sua execução." (Francesco Guicciardini)

Gosto de Bach quando disse que temos todo o direito de decidirmos ser até mesmo um idiota. O que é importante é

“Serei um idiota com acorde próprio”

Você pensou muitas vezes e acabou por decidir de uma só vez. Parabéns! Virão duvidas, porém serão dúvidas de uma pessoa forte que foi capaz de decidir. E nunca se esqueça que o Paulo Coelho estava inspirado quando disse que

"A decisão é uma forma de rezar."

Um beijo no seu coração e mande-nos notícias “do lado de lá”. Quem sabe não aproveitemos a sua permanência em Londres para passarmos um tempo mais perto da rainha?

Jak e Heloisa

Carta para Maria



Querida irmã Maria Helena,

"Os que sonham de dia são conscientes de muitas coisas que escapam aqueles que sonham apenas à noite." (Edgar A. Poe)
Concordo com Jeremy Irons quando nestes últimos dias volto a viver parte do meu tempo em Ibitipoca construindo mais um pedaço do meu sonho de criação de uma pequena Comunidade Intencional tendo o Osho como padrinho dos meus movimentos. O autor citado acima diz que todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos.
Já tenho um pequeno trailer que me serve de casa, de gruta, de cova. Em um toldo fechado acoplado ao mesmo eu improvisei uma pequena oficina para construção das peças menores das obras – todas feitas por mim de forma bem alternativa e, sempre que possível -, com material encontrado no próprio terreno.
Em novembro/dezembro já devemos ter um banheiro externo pronto, podendo dessa forma receber os nossos “sócios afetivos” – os mesmos que nos acompanham como irmãos de uma mesma caminhada.
Digo para você, citando Antônio Machado, que continuo achando muito bom viver. Porém melhor ainda é sonhar. Claro que o melhor de tudo, já dizem os budistas, é despertar.Vejo que através dos sonhos que vou realizando durante esses meus quase 50 anos de existência, vou criando ilustrações para o livro que minha alma escreve sobre mim mesmo (Marsha Norman).
De uma coisa eu já estou certo, temos mesmo que sonhar antes que os nossos sonhos tornem-se reais. Veja os exemplos do Junior, do Lúcio, do Ícaro. E, por outro lado é mesmo a possibilidade de realizarmos sonhos que faz com nossas vidas sejam interessantes.
Dá para entendermos o que Martin Luther King quis dizer ao proferir as seguintes palavras:
"Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio."
Eu tenho visto que aqueles que são mais aptos na arte de sonhar acabam peritos também na arte de realizar sonhos. Durante muitos anos de minha vida fui conduzido pelos meus sintomas, pelos meus problemas. Porém nas últimas duas décadas de minha vida têm sido conduzidas pelos meus sonhos. Concordo com o Osho quando diz que a vida não tem um objetivo. Mas nós humanos precisamos seguir nossos sonhos. Com meus sonhos crio o meu presente e o meu futuro.
“Utopia hoje, carne e osso amanhã” (Vitor Hugo)
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Más há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. (William Shakespeare)
Pois é minha irmã, como dizem os mineiros, fico por aqui aguardando suas lindas mensagens, sua visita, suas orações, noticias dos seus movimentos de mulher, mãe, filha e ser que leva uma vida forte justamente por sonhar. Porém já dizia Débora Bötcher:
"Quem disse que o preço dos sonhos é baixo?"
Que você continue acreditando nas belezas dos seus sonhos. Já que sonhar é algo perigoso, devemos seguir o conselho de Marcel Proust, sonhando mais ainda.
Um forte abraço,

Jak e Heloisa

quarta-feira, 23 de maio de 2007

RESPOSTAS ÀS SUAS PERGUNTAS....




Liberdade De e Liberdade Para


Se eu fosse resumir sua abordagem da ecologia emocional, estaria correto dizer que é liberdade de repressão?



Você estaria absolutamente correto. Mas apenas negativamente. Ficar livre das repressões é a parte negativa, e expressar o oculto, o potencial, aquilo que você deve ser, é a parte positiva. Mas você está certo, porque o negativo vem primeiro. A menos que você esteja livre da repressão, você não será capaz de se expressar; você não será capaz de realizar o seu potencial.

A sociedade existe as custas do indivíduo. Ela tem existido dessa maneira até agora. Não é permitida liberdade total ao individuo para ele se expressar. Através dessa repressão, a sociedade cria uma imagem pela qual você pode ser explorado.

Por exemplo, se os indivíduos se tornarem totalmente expressivos, não haverá nenhuma guerra no mundo. É impossível. Mas se você reprimir o individuo, então a energia reprimida fica lá e pode usada para a violência. Toda a política e toda a história do homem depende da guerra. Toda a sociedade tem estado baseada na guerra, mas a guerra só é possível se não for permitido ao individuo liberdade de expressão.

Essa energia reprimida tem sido usada por muitas razões, por muitas causas, para muitos propósitos: para a guerra, para a política, para a exploração. Sou contra toda a repressão. Sou pelo crescimento natural.

Não sou contra disciplina; sou contra a repressão. Disciplina é algo criativo. Não é nunca contra alguma coisa; é sempre por alguma coisa. Por exemplo, sou pela disciplina da energia sexual, não pela repressão dela. A energia tem que ser permitida mover-se numa direção criativa. Ela não deve ser reprimida. Se ela for reprimida, se torna pervertida. Você se torna menos que natural.

Expressão significa que você tem que se tornar mais do que natural. Se você não puder ser mais do que natural, então é melhor ser natural do que ser perverso. Toda a cultura que tem existido por todo o mundo é uma cultura pervertida.

Eis porque raramente acontece o nascimento de um Buda ou de um Jesus. Do contrario, Buda e Jesus seriam algo normal. Eles não seriam tão excepcionais. Se toda a sociedade fosse criativa ao invés de repressiva, então não ser um Buda seria a exceção. Ser um Buda seria uma coisa normal, natural.



Osho, Extraído de: The Eternal Quest